segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Ensaio Sobre a Lucidez - por Dorival Cardoso Valente





Ensaio Sobre a Lucidez é o 11º livro que leio do Saramago.
José Saramago
Uma das vezes em que participou do programa Roda Viva, da Tv Cultura, José Saramago comentou sobre o livro que escrevia naquele momento. Ele acreditava que Ensaio Sobre a Lucidez seria um livro mais impactante do que o Ensaio sobre a Cegueira, ou O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Infelizmente não foi assim que entenderam a crítica e os leitores.
A história é sobre a tomada de consciência de uma população que de forma espontânea e criativa se rebela contra o sistema vigente.


Não acontece uma revolução armada. Não é um livro de guerra. O autor imaginou uma ação que é, ao mesmo tempo, revolucionária, pacífica, transgressora, tranquila, normalista, anarquista e desobediente. Os governantes, na história, ficam perdidos e não sabem como agir. Tentam absurdos para reverter os pensamentos e as atitudes (ou a falta de ações) que aos poucos destroem o poder ou, melhor, destroem a impressão de poder.
Como bater em quem não te agride?

Como prender quem não pecou?
Como ser cruel com quem não se importa?
Por esses dias comentei uma atitude que minha mãe me ensinou: Se você não quiser que um apelido pegue, não dê bola. Deixe a pessoa falando e não dê importância. Sábias palavras!
Ensaio Sobre a Lucidez, como todo bom livro, nos faz refletir. Não sobre o nosso individualismo, mas na nossa forma coletiva de viver.
A principal preocupação dos governantes (os de agora, os de ontem, os de anteontem, os de sempre) é a sua manutenção no poder. Para isso a manipulação das crenças e dos pensamentos é essencial. ...e se deixássemos de aceitar isso? ...e se resolvêssemos pensar livremente?  ...e se decidíssimos usar as nossas próprias palavras? ...e se lêssemos mais que fofocas?
Muitas vezes um livro, lido sem preceitos ou preconceitos, faz mais estragos que uma batalha.
Não sei se Ensaio Sobre a Lucidez é mais impactante que O Evangelho Segundo Jesus Cristo ou o Ensaio Sobre a Cegueira, mas, tanto quanto os outros dois, é uma leitura que perturba (no bom sentido do termo).
Nestes tempos de trevas, merdas e fogo no Brasil, é uma leitura necessária.
Para quem aceitar a dica e puder, Boa Leitura!