Trazendo a história de Jacob, de 16 anos, que cresceu enquanto escutava, incrédulo, às histórias de seu avô antes de sua morte, e decide mudar o rumo dos anos seguintes ao passar um tempo na ilha Cairnholm, local do orfanato da Srta. Peregrine, onde se passavam tais incríveis histórias. Em busca de conhecer a si mesmo e ao passado do membro favorito de sua família, o garoto mergulha em um mundo totalmente diferente da cidade grande, à qual está acostumado, e buscas as respostas necessárias dentro do próprio orfanato.
Era a ilha de meu avô. Agigantando-se cinzenta, envolta pela névoa, guardada por um milhão de pássaros que não paravam de piar, ela parecia uma fortaleza antiga construída por gigantes.
Embora siga um modelo já bem clichê, o herói que viaja para completar sua missão, a narrativa tem ritmo acelerado e a leitura fluiu bem. Os únicos momentos em que o livro perde um pouco de fôlego são as explicações dos elementos e nomenclaturas da mitologia criada, que não fugiram dos costumeiros longos diálogos entre o protagonista e o velho sábio (nesse caso, velha sábia) que, mesmo um pouco entediantes, são fundamentais para imersão no universo proposto e esclarecimento de algumas dúvidas (mas ainda prefiro quando o autor não subestima a inteligência de seu leitor e coloca pequenas dicas para tais explicações ao longo da narrativa, deixando conosco a compreensão do todo).
As vezes preciso de um tempo após terminar a leitura para ter uma ideia do todo e tentar perceber detalhes que durante a leitura não havia percebido. Dessa vez, só fui notar a inutilidade da Srta. Peregrine na história depois várias horas e perceber que minha expectativa de conhecer uma personagem realmente marcante foi frustrada. Seu nome no título do livro apenas está ali pois trata-se do nome do orfanato onde grande parte da história se passa, mas a participação de Alma Peregrine não poderia ser mais dispensada.
Ao tentar criar uma personagem forte, que conseguisse representar toda sua responsabilidade perante à situação das crianças peculiares, o autor nos traz uma Srta. completamente engessada e sem características bem definidas. Os feitos que justificam a posição atual de Alma ocorrem apenas em flashbacks pelo passado, mas não há grandes demonstrações de autoridade ou sabedoria no tempo presente da narrativa.
Já as crianças, que poderiam ser mais exploradas, cativam facilmente o leitor enquanto conhecemos, aos poucos, seus poderes e suas histórias, junto com Jacob, e fiquei animado para passar mais tempo com elas nos próximos volumes da série.
O destaque da edição se dá pelas fotos que permeiam toda a trajetória de Jacob, e auxiliam no tom de mistério que o livro tem. Elas são trazidas ao leitor conforme abaixo:
"O Lar das Crianças Peculiares" (por quê mudaram o nome? Também não sei...) estréia 29 de setembro nos cinemas, com direção de Tim Burton, ;D
Tiago Valente