Ontem vi um filme francês UM CONTO
INDIANO. Ele é uma reprodução do argentino UM CONTO CHINÊS. Pesquisando na
internet descobri que haverá mais uma versão dessa história, nos EUA (e o
estrangeiro será um mexicano). De preferência assista ao argentino (com Ricardo
Darin). O inverso aconteceu com OS INTOCÁVEIS (francês) e OS INSEPARÁVEIS
(versão argentina), e AMIGOS PARA SEMPRE (versão americana).
Nada contra essas versões, que mais se
parecem cópias, mas pouco a favor.
Assisti ao desenho e a peça do Rei
Leão. Mesma história, mesmas falas, mesmas ações. Agora há uma versão em filme:
mesma história, mesmas falas, mesmas músicas, mesmas ações.
O que acontece? Há falta de novas
histórias? Acabaram os bons roteiristas? Será que as nove Deusas Gregas
inspiradoras das artes pediram férias de algumas décadas à Zeus?
(ficou curioso sobre essas deusas?
Confira aqui: https://www.santuariolunar.com.br/deusas-as-musas/ )
Vivemos uma época em que os
comerciantes das artes preferem envernizar, o que já existe, do que apostar em
criações novas.
O que já foi bom ou ótimo (e ainda é)
recebeu essa classificação pela sua originalidade, pelo que representou em sua
época, pelo seu significante e seu significado. O filho da Elis cantando, junto
com a mãe (graças ao deus computador) O BÊBADO E A EQUILIBRISTA, é deprimente.
Querem modificar os textos do Monteiro
Lobato. Há publicações que “atualizam” a linguagem do Machado e do Alencar. O
Marcelo Rubens Paiva disse (não sei se já o fez) que vai reescrever seus livros
para que se enquadrem dentro do (atual) politicamente correto. Para que tudo
isso?
Acham que assim podem viajar no tempo e
alterar o passado que hoje não lhes agrada? Vamos repintar a Monalisa (a
original) com as roupas da moda? Vamos
vestir a nudez no picnic de Monet? Será que mudar a músicas significa que
limpamos da nossa história as vezes que atiramos o pau no gato?
Dia desses escrevi, em um comentário
no facebook, comentando a queima dos documentos da escravidão no Brasil,
realizada pelo Rui Barbosa. O presente sempre tenta negar o passado com o
intuito de não ser criticado no futuro. Isso é um grande erro.
A minha história, a sua história, a
nossa história precisam servir como estudo,
aprendizagem, saudade e comparação.
Pode ser repesquisada, receber novos comentários e análises. Mas ela não deve,
em hipótese alguma, ser reescrita. A verdade, para ser verdadeira, não pode ser
alterada.
Walter Benjamin |
Há, claro, passagens da minha vida que
não me orgulho. Cometi enganos e erros. Fui cruel quando não deveria, fui bom
quando não precisava, fui neutro quando a posição era exigida. Também fiz o
certo, o correto e o necessário. Sou o resumo de todas essas ações. Não posso
maquiar meu passado, pois corro o risco de perder a minha essência.
Uma das minhas frustrações é não saber
desenhar uma linha torta ou reta. Isso é ruim! Mas pior seria se eu tivesse o
domínio da arte das tintas e gastasse o meu talento copiando as grandes obras.
Há grandes roteiros esperando uma
filmadora!
Há grandes músicas esperando ouvidos!
Há grandes livros esperando leitores!
Há grandes pintores esperando por
salas de exposição!
Acontece que nossos olhos, nossos
ouvidos, nossas bocas, nossos pés, estão proibidos de acessar o novo. Não o
novo qualquer. O novo de qualidade.
O dinheiro que move as multidões só
pode ser gasto com a certeza do retorno...
E as certezas estão enraizadas no que
já foi feito, testado e aprovado.
A novidade nunca foi tão proibida como
nesta época de cópias!
Um abraço!
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