quarta-feira, 6 de agosto de 2014

1984 (George Orwell) - Por Dourovale

   
 Por conta dos celulares e outras mídias que cabem na palma da mão, as pessoas estão cada vez mais curvas e olhando em direção ao próprio umbigo. O fato de não esticarmos a coluna, e perdermos uma visão de frente para o mundo, interfere diretamente nas opiniões e conclusões que criamos.
   No livro 1984, George Orwell, entre outras coisas interessantes, escreveu que na sua visão de futuro as pessoas não teriam opiniões próprias e apenas repetiriam o que o Big Brother dissesse.
Durante a leitura os que eram considerados bons ou maus para a sociedade mudavam com a mesma periodicidade que o vento muda de direção. Isso por si só já seria ruim, mas o pior é que as pessoas sequer percebiam que mudavam de opinião, Parecia-lhes que sempre pensaram daquela forma.
   Umas dezenas de anos já se passaram depois do 1984 gregoriano e não literário, contudo, parece que a profecia do britânico se concretiza.
   Se em terra de cego quem tem um olho é rei, nos tempos de Facebook e Whatsapp quem tem opinião própria é... eliminado!
   Pois é, estamos perdendo a capacidade de pensar pelos próprios neurônios. Faça um teste, poste em alguma rede social que você acha os seres humanos melhores que os cães. Você sofrera represarias, acredite. Alguém se lembra a enxurrada de críticas que sofreu a jornalista Rachel Sheherazade Barbosa apenas porque deu a sua opinião sobre um assunto. Concordar ou não com o que ela fala é a sua opção.
   Queriam que ela nunca mais aparecesse na TV ou dissesse qualquer opinião.
   Quando fui professor, nas décadas de 80 e 90, trabalhava com meus alunos a capacidade de pensar de forma diferente da sua própria ideia pré-concebida e gerar, dessa forma, uma opinião realmente pessoal.
   Hoje, assim como no livro de George Orwell, somos proibidos de pensar diferente. Temos que ser constante e politicamente corretos.
   Talvez eu esteja sendo muito cruel, pode pensar o leitor que não concorda comigo (sim eu lhe dou o direito de discordar com tudo o que eu falo ou apenas uma parte). Quer um exemplo de como estou errado? A Presidenta Dilma. Há os que gostam e os que não gostam. E todos os lados são politicamente corretos. Agora tente conversar com qualquer um dos grupos (prós e contras com relação à Dilma) e tente dar uma opinião radicalmente contraria ao que o grupo pensa. Eles não aceitarão seus argumentos e te definirão como integrante do outro grupo, mas de uma certa maneira desculparão teu ponto de vista e aceitarão.

 Faça algo melhor, misture os dois grupos e tente falar que há pontos positivos e negativos na administração dela. Os dois grupos vão te odiar porque não é admissível pensar diferente do que já foi pensado e convencionado.
   Tente ser criativo e original nas suas opiniões e acontecerá com você o mesmo que aconteceu ao personagem principal do livro 1984.
   O que aconteceu com ele?
   Leia o livro!


2 comentários:

  1. Célia Regina Arruda7 de agosto de 2014 às 16:34

    Concordo com vc. E o mais assustador: vivemos numa democracia. O problema é não exercitar essa ciência. Todos, em tese, são a favor do que é democrático, desde que não se contraponha ao que pensam... Vai você dizer que um período breve de ditadura arrumaria a casa em muitos aspectos... Será linchado por um democrata... rsrsrsrs

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  2. Sofremos, Célia, um AI5 ideológico que é mais cruel para o desenvolvimento do pensamento do que aquele dos anos 60.

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