O ano de 2016 foi marcado no mercado editorial pela publicação e grande venda de livros de youtubers, gerando assim, como tudo mais que faz algum sucesso, diversas críticas sobre a qualidade e até a necessidade de tais obras.
Foi nesse ano também que meu vício, e acredito que de muitos
outros, só aumentou. Um dia em que um daqueles meus canais favoritos não
publica um vídeo, é um dia sofrido com certeza. Pela proximidade entre
vlogueiros e espectadores, a plataforma se tornou fonte de entretenimento para
jovens e adultos, e não demorou muito para que diversas marcas vissem ali uma
oportunidade para ações publicitárias que atingissem o público certo de forma
direta. As legiões de fãs conquistadas pelos canais também despertaram o
interesse de diversas editoras, e em poucos meses as listas de livros mais
vendidos foram preenchidas por autores como Kéfera, Jout Jout, Rezendeevil e
muitos outros. Foi aí que a polêmica surgiu.
Fonte: http://www.livrosechocolate.com.br/2015/10/muito-mais-que-5inco-minutos-kefera.html |
Não só nos vlogs e blogs literários, mas a discussão se
tornou um assunto comum em todo o país, e essas são as minhas opiniões sobre o
tema!
Não podemos negar que, mesmo não sendo autores consagrados,
estudantes de assuntos relacionados à produção textual, ou pessoas consideradas
“aptas” para o ofício da escrita (se é que existe alguém que não seja), a
publicação de autores nacionais no volume que vemos hoje é algo extremamente
raro. E o que ganhamos com isso?
Pra começar, o público leitor percebe facilmente (sendo
ficção ou não) a diferença entre as narrativas nacionais e as internacionais
(que até hoje predominam nas livrarias e nas preferências dos leitores – me incluo
nisso), e se acostumar com o estilo brasileiro, a oralidade brasileira colocada
no papel, é um ponto positivo e fundamental para que mais autores nacionais
(youtubers ou não) sejam lidos.
Fonte: http://extra.globo.com/tv-e-lazer/celebridade-do-mundo-virtual-jout-jout-lanca-livro-em-niteroi-19370861.html |
Outra questão é o alcance de público. O canal 5incoMinutos,
da Kéfera, já conta com mais de 10 milhões de inscritos, e eu me pergunto
quanto desses que compraram o livro, nunca haviam sentido tanto interesse em ler
algo na vida. Essa leva de livros que aproveitam o imenso público da internet é
a porta de entrada para leitores com grande potencial, que só precisavam desse
passo inicial.
O que nos leva a lembrar que: Toda leitura é válida! Não
importa se o autor não usa figuras de linguagem, ou não preenche capítulos e
mais capítulos com cansativas digressões que no final não levam a lugar nenhum,
o exercício da leitura, o contato com outras realidades e outras ideologias que
só os livros conseguem trazer, vão acrescentar, sendo muito ou pouco, algo novo
ao leitor, transformá-lo, e toda transformação é positiva.
Fonte: http://dc.clicrbs.com.br/sc/entretenimento/noticia/2016 |
Por fim, mas não menos importante (até porque vamos falar de dinheiro $), a publicação de tais obras gera uma renda superior e significativa para as editoras, o que permite ao mercado apostar em mais autores nacionais, de outros gêneros, e dá oportunidade para novas descobertas que talvez não seriam possíveis sem a venda dos tão polêmicos livros, e que talvez atinjam os leitores formados pelos mesmos. Acredito que tais vendas possam ser comparadas ao sucesso dos livros de colorir em 2015, mas estamos falando de literatura aqui, não é? :D
Essas foram algumas considerações minhas sobre o tema, e o
debate tá liberado nos comentários! :D Até a próxima!
- Tiago Valente