quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Resenha - Quem É Você Alasca (John Green) - Por Tiago Valente

         
         Miles Halter, ou Gordo, tem sua vida transformada depois de ser transferido para o internato Culver Creek, no Alabama, e transformada novamente após cento e trinta e seis dias quando... Ok... Vamos deixar os spoilers pro final! O romance de estreia de John Green (dispensa apresentações) traz a mesma fórmula apresentada nos outros títulos publicados pelo autor e é fácil explicar o motivo de tanto sucesso.         
           

          No decorrer da história conhecemos Coronel, Takumi, Lara e a tal Alasca que juntos conseguem representar e trazer para as páginas todos os conflitos e dilemas dos adolescentes contemporâneos, enquanto o protagonista busca o seu “Grande Talvez”, umas das últimas palavras citadas no livro (uma fissura tanto de Miles quanto de John, responsáveis por diversos debates filosóficos entre os personagens) ditas pelo escritor François Rabelais.

            A personagem título, Alasca Young, é sem dúvida uma personagem diferente de todos os livros de Young Adult que eu já li, é o que faz o livro ser tão especial e o torna uma das melhores leituras do ano! O que mais me agradou foi que a história não é cheia de lições de morais (muito pelo contrário...) e os personagens são muito próximos da nossa realidade, característica não só de Quem É Você Alasca, mas também de todos os outros livros do autor, nos fazendo criar um laço com cada um e deixar aquela saudade quando a história termina.          


            O livro não é dividido em capítulos, mas sim em duas partes, Antes e Depois, e essas são separadas por dias (cento e trinta e seis dias antes até cento e trinta e seis dias depois) criando uma certa ansiedade por parte do leitor para esse acontecimento, algo não esperado que muda totalmente o rumo da história (veja abaixo).


            Como trecho favorito, não foi fácil, mas escolhi o momento do jogo “Melhor Dia/Pior Dia” durante o trote que Alasca e seus amigos organizam, em que Miles diz: “O melhor dia da minha vida foi hoje. E a história é que eu acordei ao lado de uma menina húngara bonita. Estava frio, mas não muito frio. Eu tomei uma xícara morna de café instantâneo e comi sucrilhos sem leite, depois andei pela mata com a Alasca e o Takumi. Jogamos pedrinhas no lago, o que pode parecer tolice, mas não é. Sei lá. Sabe quando o sol fica desse jeito, com as sombras alongadas e esse tipo de luz clara e suave que antecede o pôr do sol? É a luz que deixa tudo melhor e mais bonito. E hoje tudo pareceu estar iluminado por essa luz. Bem, eu não fiz nada. Mas só de ficar aqui sentado, mesmo que seja para ver o Coronel talhando um galho ou sei la o que. Quê seja. Foi um dia maravilhoso. Hoje. O melhor dia da minha vida.” .       


            Pra quem se interessou pelo livro e gosta de ser surpreendido o texto termina aqui, mas antes vale a pena falar da edição.  O material da capa é diferente da maioria e muito confortável. A WMFMartinsFontes já disponibilizava três capas diferentes (a que mais gostei e comprei foi a preta, que está no topo do post) e fez uma promoção em seu site para escolher três novas. Eu gostei muito das vencedoras e nem preciso dizer que Quem É Você Alasca já está na minha lista da Bienal

Quem é vc Alasca novas capas
--------------------------------------------SPOILERS A SEGUIR ---------------------------------------------        


      


          É quase impossível fazer uma resenha desse livro sem comentar a morte da Alasca. Eu já sabia que aconteceria antes de ler o livro, mas não deixou de ser surpreendente. Os momentos após a morte e o momento em que Gordo e Coronel descobrem o ocorrido nos trazem uma grande carga de emoção e são o ápice da história, tenho certeza que todos que já leram compartilharam a saudade da garota tão marcante, que preenchia todas as cenas em que aparecia.

            É inevitável que o livro tenha dado uma desacelerada após isso, e a investigação da causa da morte de Alasca me lembrou várias vezes as buscas de Quentin pelas pistas de Margot em Cidades de Papel, do mesmo autor, embora eu tenha achado que essa explicação para a morte podia ser um pouco mais criativa, isso não desmerece o livro como um todo. 

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