sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Vai Ter Livro de Youtuber Sim! - Debate



O ano de 2016 foi marcado no mercado editorial pela publicação e grande venda de livros de youtubers, gerando assim, como tudo mais que faz algum sucesso, diversas críticas sobre a qualidade e até a necessidade de tais obras.

Foi nesse ano também que meu vício, e acredito que de muitos outros, só aumentou. Um dia em que um daqueles meus canais favoritos não publica um vídeo, é um dia sofrido com certeza. Pela proximidade entre vlogueiros e espectadores, a plataforma se tornou fonte de entretenimento para jovens e adultos, e não demorou muito para que diversas marcas vissem ali uma oportunidade para ações publicitárias que atingissem o público certo de forma direta. As legiões de fãs conquistadas pelos canais também despertaram o interesse de diversas editoras, e em poucos meses as listas de livros mais vendidos foram preenchidas por autores como Kéfera, Jout Jout, Rezendeevil e muitos outros. Foi aí que a polêmica surgiu.

Fonte: http://www.livrosechocolate.com.br/2015/10/muito-mais-que-5inco-minutos-kefera.html

Não só nos vlogs e blogs literários, mas a discussão se tornou um assunto comum em todo o país, e essas são as minhas opiniões sobre o tema!

Não podemos negar que, mesmo não sendo autores consagrados, estudantes de assuntos relacionados à produção textual, ou pessoas consideradas “aptas” para o ofício da escrita (se é que existe alguém que não seja), a publicação de autores nacionais no volume que vemos hoje é algo extremamente raro. E o que ganhamos com isso?

Pra começar, o público leitor percebe facilmente (sendo ficção ou não) a diferença entre as narrativas nacionais e as internacionais (que até hoje predominam nas livrarias e nas preferências dos leitores – me incluo nisso), e se acostumar com o estilo brasileiro, a oralidade brasileira colocada no papel, é um ponto positivo e fundamental para que mais autores nacionais (youtubers ou não) sejam lidos. 

Fonte: http://extra.globo.com/tv-e-lazer/celebridade-do-mundo-virtual-jout-jout-lanca-livro-em-niteroi-19370861.html

Outra questão é o alcance de público. O canal 5incoMinutos, da Kéfera, já conta com mais de 10 milhões de inscritos, e eu me pergunto quanto desses que compraram o livro, nunca haviam sentido tanto interesse em ler algo na vida. Essa leva de livros que aproveitam o imenso público da internet é a porta de entrada para leitores com grande potencial, que só precisavam desse passo inicial.

O que nos leva a lembrar que: Toda leitura é válida! Não importa se o autor não usa figuras de linguagem, ou não preenche capítulos e mais capítulos com cansativas digressões que no final não levam a lugar nenhum, o exercício da leitura, o contato com outras realidades e outras ideologias que só os livros conseguem trazer, vão acrescentar, sendo muito ou pouco, algo novo ao leitor, transformá-lo, e toda transformação é positiva.

Fonte: http://dc.clicrbs.com.br/sc/entretenimento/noticia/2016

Por fim, mas não menos importante (até porque vamos falar de dinheiro $), a publicação de tais obras gera uma renda superior e significativa para as editoras, o que permite ao mercado apostar em mais autores nacionais, de outros gêneros, e dá oportunidade para novas descobertas que talvez não seriam possíveis sem a venda dos tão polêmicos livros, e que talvez atinjam os leitores formados pelos mesmos. Acredito que tais vendas possam ser comparadas ao sucesso dos livros de colorir em 2015, mas estamos falando de literatura aqui, não é? :D


Essas foram algumas considerações minhas sobre o tema, e o debate tá liberado nos comentários! :D Até a próxima! 

- Tiago Valente 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

NAS ASAS DO TEMPO! – Por Dourovale



Você já pensou que a vida não acaba aos 50, ou 60, ou 70, ou 80, ou 90?
O que é estar vivo?
Para quem vivemos?
Há um livro do Inácio de Loyola Brandão que tem como título NÃO VERÁS PAÍS NENHUM. Eu o
li nos anos 80, mas ele ainda é atualíssimo como são todos os bons livros. Uma personagem, ao final de cada ano, junta todas as folhas do calendário (aqueles calendários que trazem uma folha para cada dia), as amarra e guarda junto com outros calendários de anos já passados. Essa imagem sempre me marcou. Sempre temi que da minha vida apenas restassem os dias passados amarrados e guardados como iguais, sem diferenças ou importâncias. Viver apenas para não morrer, sem tentar realizar sonhos nunca foi parte do meu objetivo. Não sei se há outra forma de vida depois da morte. Cada um creia no que quiser! O que eu sei é que agora estamos vivos. Vivamos sempre enquanto estivermos vivos!
Vou falar de uns autores que ainda não falei aqui...

Mas antes vou homenagear neste meu último texto do ano (talvez seja) para uma pessoa que eu sempre admirei, Dom Paulo Evaristo Arns. Eu o vi algumas vezes e tive o prazer de receber um autógrafo dele em um de seus livros. O que para muitos o Papa Francisco traz de novidades, Dom Paulo já realizava aqui em São Paulo. Pessoa lúcida, corajosa, justa e, principalmente, inspiradora. Dom Paulo, dedico este texto ao Senhor!

Vou falar de uns autores que ainda não falei aqui. São pessoas que tramaram palavras, ideias e ideais formando um tecido da mais alta qualidade... Desculpem, me engano!
Eles não fizeram apenas um tecido de alta qualidade. Suas tramas verbais construíram ambientes, situações, personagens. Então chamaram as pessoas do mundo para que viessem ver suas construções.
Em um palco quase desnudo os personagens, que já haviam conseguido vida nas palavras escritas, materializaram-se aos olhos de todos. O tema? Mostrar que há vida depois dos cabelos brancos!
Riso, choro, emoção, empatia, reflexão. Estes são alguns sentimentos que a plateia disse ter sentido. E o que há de maior para autores e atores do que perceber que a peça não apenas fez sentido como também despertou sentimentos?
Eu fui o felizardo de dar vida física a um dos personagens! Estar no palco é maravilhoso! Maravilhoso também foi poder encontrar um grupo que em pouquíssimo tempo (uns dois ou três meses ensaiando apenas uma vez por semana) conseguiu um resultado no palco tão bom. Desculpem se me falta modéstia e se me sinto orgulhoso, mas não falo apenas de mim, falo de todo grupo.
Os autores da peça NAS ASAS DO TEMPO! São:


Fábio Dervilani

Cristiane Peixoto


Maria Cláudia Mesquita

Tiago Valente


Além deles a peça teve a competente administração da Carmem Lúcia Gallo
O apoio da Patrícia e da Mãe dela, Luciene.
Além desses também atuaram

A adorável VÓ, Maria Carmelita Alves Gallo
Eliane Cristina
E eu Dourovale.

A peça foi apresentada no Teatro Martins Pena (Centro Cultural Penha). O público doou brinquedos e roupas para crianças.
Quem viu, viu! Quem não viu, que visse... ou veja.
A partir de fevereiro próximo, provavelmente, haverá mais oportunidades de nos encontrarmos. Venha!

Eu já publiquei um texto do Fábio ( e já tenho outros para publicar aos poucos) no meu blog artesaosamigos.blogspot.com.br . Pretendo também publicar textos da Maria Cláudia e da Cristiane. Assim, mesmo quem não foi ao Teatro nos ver, pode saborear o tecido fino que esses autores produzem.



Ganhos e Perdas em "Harry Potter e a Criança Amaldiçoada" - Rowling, Tiffany e Thorne


Se você é tão fã de Harry Potter quanto eu, pode imaginar todo o medo que senti ao virar a primeira página de Harry Potter e a Criança Amaldiçoada. Não apenas o medo de não gostar da história, mas a insegurança de saber como continuava aquela sua série favorita que, até então, tinha um começo e um final. Descobrir que o futuro de personagens tão queridos não foi do jeito que você imaginava, ou gostaria que fosse, pode ser realmente frustrante, e acredito que esse foi o principal risco que os autores correram.

O livro traz o roteiro utilizado na peça que estreou em 2016, no circuito West End, em Londres, escrito por J.K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne, que tem Alvo Severo, filho de Harry, como protagonista. No espetáculo, acompanhamos Alvo e seu melhor amigo Escorpion, filho de Draco Malfoy, em uma viagem pelo tempo, enquanto tentam alterar algumas atitudes de seus pais, e as consequências delas. Para os fãs, não existe sensação melhor do que revisitar lugares tão significativos da nossa série favorita.



Pelo formato utilizado, e pela divisão dos atos, a leitura do oitavo livro da série pode ser feita em poucos dias e é interessante perceber a forma como os autores conseguiram manter uma narrativa semelhante à que encontramos nos outros livros. Mesmo sendo um roteiro, ainda temos acesso aos pensamentos e sentimentos dos personagens, além de boas descrições dos cenários utilizados na história.

Alvo Severo é, de longe, o personagem mais interessante da obra, por seu jeito desafiador e fora do estereótipo de mocinho que todos esperavam. Já Harry passa a ser um coadjuvante, com falas geralmente monótonas, mas totalmente justificáveis pela situação atual do personagem.


Talvez Rony Weasley tenha sido quem mais sofreu mudanças dos livros anteriores. Por ser responsável pelas cenas cômicas da peça, todo o desenvolvimento em sua personalidade que acompanhamos é esquecido, e Rony é transformado no tio do pavê, com um humor forçado e caricato. Quem realmente mantém as mesmas características e personalidade é Hermione Granger (agora Weasley), sendo uma das personagens mais fortes em cena.

Por mais que muitos tenham se desanimado pelo livro não ter sido publicado em prosa, ou pelos novos personagens, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada foi, sem dúvida, uma das melhores leituras desse ano, e a mais aguardada também. O final da primeira parte faz com que seja impossível largar o roteiro antes de terminar, e tenho certeza de que todo mundo espera por mais histórias de Alvo e Escorpion.

Malfeito Feito. 


- Por Tiago Valente


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Menina Má - Willian March

Uma das piores atitudes que podemos ter ao iniciar uma leitura é, sem dúvidas, criar expectativa em cima de uma história sobre a qual não conhecemos nada, mas é inevitável quando somos atraídos por uma boa campanha de divulgação e uma edição caprichada. Quanto maior a expectativa, maior pode ser a decepção, e foi justamente o que aconteceu quando li Menina Má, de Willian March.



Rhoda Penmark, a pequena malvada do título, é uma linda garotinha de 8 anos de idade. Mas quem vê a carinha de anjo, não suspeita do que ela é capaz. Seria ela a responsável pela morte de um coleguinha da escola? A indiferença da menina faz com que sua mãe, Christine, comece a investigar sobre crimes e psicopatas. Aos poucos, Christine consegue desvendar segredos terríveis sobre sua filha, e sobre o seu próprio passado também.

Embora a obra seja classificada como um clássico do horror, a história de Rhoda se caracteriza pelo suspense que permeia a vida da familia Penmark e dos personagens que se envolvem a ela. Mas isso é tudo! A narração segue de forma linear, enquanto Christine tenta descobrir se a filha é, de fato, culpada pela morte do vencedor do concurso de soletração e, consequentemente, dono da medalha tão desejada por Rhoda,


Ao contrário do que indica a capa e o título do livro, o autor traz o ponto de vista da menina poucas vezes, fixando-se na perspectiva da mãe, e em seu psicológico. Sendo assim, pouco acompanhamos dos atos realmente assustadores que ocorrem na história, já que só os conhecemos depois de acontecerem, quando Christine fica sabendo.

Mas acredito que o principal objetivo do autor foi trazer ao seu leitor a real influência dos filhos na vida dos pais, e o contrário também. Além disso, mostrar o quanto trazemos em nossa personalidade e em nossas atitudes, características de nossos familiares, mesmo sem percebermos.


Se o quê você busca um thriller, daqueles de não conseguir dormir por uma semana, Menina Má não é a melhor opção. Sem grandes cenas amedrontadoras ou sangue escorrendo por todos os lados, o livro te prende por te fazer torcer pela felicidade da família Penmark, e a edição da Darkside ainda traz um histórico da obra, relacionando a vida do autor antes e após a publicação, além de detalhes sobre a influencia da obra em clássicos da literatura e do cinema do horror.

Após ser adaptado para a Broadway, a história de Rhoda chegou aos cinemas com Patty McComark no papel da protagonista, recebendo 4 indicações para o Oscar, e sua fórmula e influência permanecerão, sem dúvida, presentes em diversas obras do gênero por muitos anos.





quarta-feira, 2 de novembro de 2016

AMAR, VERBO INTRANSITIVO, por Dourovale




Toda canção de liberdade vem do cárcere (Gorch Fock)


Gorch Fock é um escritor alemão. Fez um livro de poesia sobre as guerras. Creio que não há nenhum livro dele traduzido para o português (nem para o brasileiro). Eu não li nada dele além desse verso. Pesquisei na internet e descobri que seu nome verdadeiro é Johann Wilhelm Kinau. Também descobri sua data de nascimento e de morte, mas o que isso importa?
Li esse verso no final do “Prefácio Interessantíssimo”, do Mário de Andrade, e isso importa.
Quando pensamos sem pensar muito em poemas sempre, ou pelo menos na maioria das vezes, imaginamos poemas de amor. Mas os poemas de amor não apenas os que cantam o encontro de dois seres. Também é amor a luta pela vida, pelos ideais, pelos sonhos, pela liberdade, pelo aprendizado.




Todo aprendizado vem da luta! E podemos aprender quase tudo. Podemos aprender a dançar, a cantar, a sonhar, a bater o cartão de ponto, a saber que não somos nem mais nem menos que ninguém. Podemos aprender a ler, a escrever, a entender, a acreditar, a desentender, desacreditar.
Muito desse tudo que aprendemos pode nos ser ensinado. 

Qual foi a pessoa que te ensinou a escrever? Quem te ensinou que é errado colocar o dedo dentro do nariz?


Porém existem verbos que não podem ter os ensinamentos transmitidos. O verbo Amar é um desses!
Ninguém pode nos ensinar a amar. Aprendemos teimosamente através da própria luta, da individual dor, do secreto choro, do desejo de morrer, da solidão, da angústia de respirar sozinho, de medo. Se você não sentiu nada disso talvez tenha aprendido a amar de  outra forma, tenha seguido por outro não mais certo nem mais errado caminho.

“Amar, Verbo Intransitivo”, de Mário de Andrade, discute isso. O pai contrata uma governanta alemã para ensinar seu filho a amar.Se Mário de Andrade tivesse nascido em algum país que tem o inglês como língua oficial seria considerado um dos maiores escritores do mundo!Mas o cara cismou de nascer no Brasil...Quem saber se a Fraülen conseguiu ensinar Carlos a amar? Você já aprendeu a amar? Já ensinou alguém a amar?O texto de Mário de Andrade torna o leitor um cúmplice ou, pelo menos, um companheiro de viagem. Aliás a viagem de trem é inesquecível.Amar é intransitivo, mas sugerir leituras é pra lá de transitivo!

Leia: Amar, Verbo Intransitivo (Mário de Andrade).



segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A Profecia - David Seltzer


Querendo aliar a época do ano a minha leitura atual, minha escolha para o mês do Halloween foi A Profecia, de David Seltzer.

O autor não perde tempo criando uma atmosfera sombria, ou preparando o leitor aos poucos para algum cliffhanger ou acontecimento inacreditável. A narrativa se inicia na sexta hora, do sexto dia, do sexto mês, o início do apocalipse, enquanto, em Roma, uma criança é apedrejada dentro de um porão.


Após o prefácio, conhecemos Jeremy Thorn, um dos possíveis sucessores da presidência dos Estados Unidos, que volta às pressas para Roma, ao saber do nascimento de seu filho, após varias tentativas do casal. Ao perceber que a criança não sobrevivera, Thorn é aconselhado por uma freira a trocá-lo por outro bebê que havia perdido a mãe há pouco. É assim que se iniciam as desventuras da família Thorn, enquanto Damien Thorn cresce e apresenta estranhos comportamentos. 


Paralelo ao eixo central, temos Haber Jennings, fotógrafo que se envolve no caso dos Thorn, ao perceber estranhas manchas em fotos relacionadas à família, unindo-se a Jeremy em uma viagem por Roma, atrás de respostas. Além disso, o autor nos traz também um pouco da história de Tassone, padre que se converte ao satanismo e recebe como função a implantação do apocalipse no mundo. 

Sendo extremamente sincero, não sei se tenho uma opinião objetiva sobre o livro. Dizer gostei \o/, ou não gostei :(, seria generalizar todos as impressões que tive ao longo da leitura. No início da obra, entramos de cabeça na família Thorn, sem conhecer muito de seu passado e as personalidades dos personagens são bem fortes e marcantes. Como já disse, os acontecimentos misteriosos ocorrem de forma bruta, sem preparar o leitor para a atmosfera de suspense, o que talvez diminua o impacto dos ocorridos. Após alguns capítulos, comecei a achar a história um pouco pacata e monótona, o contrário da minha expectativa, mas percebi que tal sentimento só surgiu pela fluidez com a qual o autor conta os eventos fantásticos, sem dar muita importância ao impacto de tais acontecimentos na vida e no psicológico dos personagens.



Embora esteja na capa da maioria de edições, Damien Thorn, o suposto filho de Jeremy e Katherine, mesmo sendo responsável por todos os ocorridos com a família, não recebe muita atenção do autor, sendo apenas um acessório que age por meio de outros personagens, o que se justifica um pouco apenas quando descobrimos quem são os verdadeiros pais da criança.

A obra foi adaptada para o cinema em 1976, com Gregory Peck e David Warner, além do remake em 2006, com Julia Stiles e Mia Farrow, uma boa opção pra quem quer um halloween mais tranquilo este ano :D

As luzes nas fotos são uma homenagem à Stranger Things, e a bebida da primeira é um Frapuccino de Halloween no Starbucks, com baunilha, morango e chocolate, que eu queria que fizessem o ano inteiro!

Até a próxima :D

TiagoValente



sábado, 8 de outubro de 2016

FOLKFOCANDO & KOMBINANDO - Dourovale

Foto do facebook: Bezão Folkeando
Saudade!
Saudade do quê?
Do que não vivi. De uma alegria presente como se fosse antiga. Já sentiu isso?
Sabe as margens do rio Mississipi?

Não essa coisa moderna. Penso no Mississipi dos tempos de “As Aventuras de Tom Sawyer”, do Mark Twain.

É dessa saudade não vivida que falo. E ela se confunde com a saudade de estrada. De sair sem destino e conhecer Urubici, Garibaldi, Camanducaia, Brotas, Corumbá de Goiás, Aquidauana... e por ai nos encontramos.
Antes eu pensava que saudade era sinônimo de velhice, mas não é; ou não é só isso. Saudade é mais do que lembrar. Saudade é reviver em espírito, em alma, em memória uma sensação vivida, inventada ou imaginada (escolha suas palavras), algo que nos transporte.
Eu tenho saudade livre de viajar numa Kombi. No toca-fitas Sá e Guarabira: “Apesar das minhas roupas rasgadas...” Zé Geraldo: “De onde venho não importa, já passou...” Boca livre: “sair por essa vida aventureira...” Raul Seixas: “Ói, óia o trem. Vem surgindo por trás das montanhas...” Gil: “Vamos fugir deste lugar, Baby...”
Estrada é novidade, conhecimento, amizade, recordações e descobertas.
Sendo mais atual, no cd ou pen drive podemos levar Zeca Baleiro: “Se não eu quem vai fazer você feliz?” Skank: “Vou deixar a vida me levar...” Vanguart: “Minh’alma, sabe que viver é se entregar...” O Teatro Mágico: “Veio de manhã molhar os pés na primeira onda...” Nô Stopa: “me deixa andar, eu deixo ir...”
Porém o que me trouxe essa saudade boa ontem não foi nenhum desses. Foi o grupo Folk na Kombi. Eles gravaram, no Auditório Ibirapuera, seu segundo dvd. Com participações especialíssimas do Super Zé Geraldo, a aventureira trupe  de O Teatro Mágico e a sereia celeste Nô Stopa.
Foto; Rosana Xavier

Impecável!
Imperdível!
Inesquecível!
As músicas te levam para um passeio ao mesmo tempo moderno e antigo pelo rio Mississipi, rio Aquidauana, São Francisco, Paraguai, ou sei lá qual rio... Ou Fernão dias, Régis Bitencourt, rodovias de Goiás, do Mato Grosso, Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Sul. E a vontade é de pular, dançar sem passo pré-estabelecido, em pé, sentado, dirigindo, sacudindo a Kombi.
É um som onde o rótulo é o menos importante. O que importa é a alma.
Foto: Rosana Xavier

Só senti falta de uma fogueira, numa das músicas em que eles cantam sentados próximos à Kombi.
Não sei se você gosta de estrada, da sensação de liberdade, de criatividade, de música inventada quase na hora do show, do improviso, da vontade de fazer e fazer. Caso goste viaje no ótimo som do Folk na Kombi.

Ainda há coisas boas sendo feitas além dos anos 80!
Quer saber mais sobre eles? Visite o site http://www.folknakombi.com.br/folk/

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares - Ransom Riggs

Sim, comprei o livro porque soube que lançariam um filme, e o que isso mudou na minha leitura? Nada, absolutamente nada. Ok? Ok! :D

Trazendo a história de Jacob, de 16 anos, que cresceu enquanto escutava, incrédulo, às histórias de seu avô antes de sua morte, e decide mudar o rumo dos anos seguintes ao passar um tempo na ilha Cairnholm, local do orfanato da Srta. Peregrine, onde se passavam tais incríveis histórias. Em busca de conhecer a si mesmo e ao passado do membro favorito de sua família, o garoto mergulha em um mundo totalmente diferente da cidade grande, à qual está acostumado, e buscas as respostas necessárias dentro do próprio orfanato.

Era a ilha de meu avô. Agigantando-se cinzenta, envolta pela névoa, guardada por um milhão de pássaros que não paravam de piar, ela parecia uma fortaleza antiga construída por gigantes.



Embora siga um modelo já bem clichê, o herói que viaja para completar sua missão, a narrativa tem ritmo acelerado e a leitura fluiu bem. Os únicos momentos em que o livro perde um pouco de fôlego são as explicações dos elementos e nomenclaturas da mitologia criada, que não fugiram dos costumeiros longos diálogos entre o protagonista e o velho sábio (nesse caso, velha sábia) que, mesmo um pouco entediantes, são fundamentais para imersão no universo proposto e esclarecimento de algumas dúvidas (mas ainda prefiro quando o autor não subestima a inteligência de seu leitor e coloca pequenas dicas para tais explicações ao longo da narrativa, deixando conosco a compreensão do todo).

As vezes preciso de um tempo após terminar a leitura para ter uma ideia do todo e tentar perceber detalhes que durante a leitura não havia percebido. Dessa vez, só fui notar a inutilidade da Srta. Peregrine na história depois várias horas e perceber que minha expectativa de conhecer uma personagem realmente marcante foi frustrada. Seu nome no título do livro apenas está ali pois trata-se do nome do orfanato onde grande parte da história se passa, mas a participação de Alma Peregrine não poderia ser mais dispensada.



Ao tentar criar uma personagem forte, que conseguisse representar toda sua responsabilidade perante à situação das crianças peculiares, o autor nos traz uma Srta. completamente engessada e sem características bem definidas. Os feitos que justificam a posição atual de Alma ocorrem apenas em flashbacks pelo passado, mas não há grandes demonstrações de autoridade ou sabedoria no tempo presente da narrativa.

Já as crianças, que poderiam ser mais exploradas, cativam facilmente o leitor enquanto conhecemos, aos poucos, seus poderes e suas histórias, junto com Jacob, e fiquei animado para passar mais tempo com elas nos próximos volumes da série.

O destaque da edição se dá pelas fotos que permeiam toda a trajetória de Jacob, e auxiliam no tom de mistério que o livro tem. Elas são trazidas ao leitor conforme abaixo:




"O Lar das Crianças Peculiares" (por quê mudaram o nome? Também não sei...) estréia 29 de setembro nos cinemas, com direção de Tim Burton, ;D

Tiago Valente

 

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

MANIFESTAÇÃO POÉTICA - por Dourovale



Antes de começar a ler:

- saiba já onde comprar/ouvir esse livro de poesias musicadas (também  chamado cd ) http://www.nostopa.com.br/autorais

- as citações entre aspas são partes integrantes das faixas musicais e de autoria dos seus autores.
- fotos retiradas do site da cantora; vídeos do youtube

Domingo.
Paulista.
Manifestações.
Todos a caminhar têm algo a gritar.
A rua é do povo como o céu é dos espigões!

Fora o medo!
Pelo direito a sonhar!
Fora o dia!
Pela opção de acreditar!
Fora a rotina!
Pelas crianças que estão por vir!
Fora os planos prontos!
Pelos delírios de sentir!
Fora a solidão!
Pela ilusão de sorrir!

Incondicionalmente abrace!
Imperativamente ame!
Absurdamente cheire!
Absolutamente sinta!
Atenciosamente escute!
Manifestar o tempo de todos serem.

Antropofagia. Cubismo. Dadaísmo. Futurismo...
Qual arte te grita na Avenida, Paulista?

Paulistana, em volta de nós
Envolvida em tecidos
Nos acorda vibrando sentidos
Nas palavras, decifra melodias.

Paulistana
Mescla de artes
Sentimentos sorrisos
Circo
Não precisa de grito
Do seu corpo vibram palavras
Exaladas em poesias
Daquelas que se necessita aprender.

Paulistana
Fez seu Manifesto Poesia,
Um livro preciso
que precisa ser ouvido.
Paulistana
Traz seu nome de arte
Nô Stopa.


Dez poesias em forma de canção

A primeira no traz a luz
“Luz na caminhada
Vem com tua palavra”.

A segunda nos orienta
“Segue o movimento da bússola
Sem pressa
Seu destino descansando
Sem perder a luz”.

Então se manifesta a poesia
“De bem com a vida eu contesto,
Manifesto Poesia”.

Segue quente esse livro audível
“Além da fumaça
Textura da estrela
Graça da vida
Piada vai virar poesia”

A capa e a caixa
Metafóricas, denotativas,
Emotivas, fáticas, conotativas
Metalinguísticas.

Então surgem asas que te levam
“Depois de aparar as garras da solidão
Desato o nó do medo de chegar no fim”.

E, corajosos,
Saímos do jardim da vida inteira
“passarinho na mão
Aprendi a deixa voar”.

De volta à Avenida
Da cidade paulistana
“Augusta, faço a viagem
Eu parto, eu vago
Sem juízo eu vou”

A viagem literária musical
Quase finda, mas ainda cheia de descobertas
“Já sei o que aflige por aqui
A gravidade!
Falta tirar os pés do chão”.

Quanto tempo ainda nos resta?
Quantas “Horas pra passarem vagas”?
“Passando passeando
Pelas frestas da canção”.

Enfim a Paulistana revela os mares de Minas
“O mar inteiro por navegar
Nós não tememos do vento o açoite
A NAVE LOUCA vai nos levar”!

Não perca!
Não se perca!
Se perca!
Não deixe de ouvir!
Se for possível, comprar
Só não deixe escapar
Dos seus ouvidos
MANIFESTO POESIA
Nô Stopa